quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Vermes


Sou o verme, vivo acoplado a tua pele dita humana, sou o parasita que perfura os teus ossos e te faz sentir dores indizíveis, alimento-me de tua angústia e escravizo-te paulatinamente...
Disfarço-me quando for preciso, preciosa natureza humana, diferente dos livros e dos ratos, tem o gosto balsâmico, o cheiro de pecados...
Tenho plena liberdade no ócio das tumbas, adormeço entre as carnes pútridas e os sonhos desolados, conheço as palavras, eu as fiz nascer em tua boca nas horas precisas, precisa carne natureza humana...
Depois da queda o contra mão, a válvula de escape, o orgasmo.
Sou o verme, estou em teus braços, em teus traços, copulando com outros vermes, obstruindo as tuas veias, no meio de tuas rugas, sou o verme que sugou a tua juventude, contigo assisti a primeira e a ultima chuva e o golpe de fez desvanecer as pequenas margaridas...
Agonia, agonia em plenitude, inconsciência Freudiana, não creio que somos a condenação humana, paradoxalmente somos o início de tudo.


Janaina Cruz

Poema recitado por Mauricio Andrade:

27 comentários:

  1. E seremos sempre o início a dar continuidade aos dias que temos que viver - como vermes ou como bichos já completos. Gostei, Jana. Muito contundente...
    Abraços

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    1. Obrigada Malu, sua presença aqui no blog me deixa muito feliz!!!

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  2. Bem, penso que o fim de um ciclo representa o início de outro, portanto, nunca há verdadeiramente "fim", existem recomeços. parabéns, Jana.

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    1. Grata sempre por tua visita Carlos... As vezes o fim é só um sonho do cansaço da estrada...

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  3. Poema forte e vibrante.
    Gostei muito, é excelente.
    Janaina, minha querida amiga, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

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    1. Obrigada meu amigo, volte sempre aqui, e me faça feliz com seu comentário... :)

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  4. Olá querida amiga!
    Seus textos estão cada vez melhores, esse especificamente é muito forte, sombrio, cheio de imagens, muito bem escrito!
    Grande abraço, sucesso e ótima semana!

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  5. o verso como inicio e termo contorverso

    "Sou o verme, estou em teus braços, em teus traços, copulando com outros vermes, obstruindo as tuas veias, no meio de tuas rugas, sou o verme que sugou a tua juventude, contigo assisti a primeira e a ultima chuva e o golpe de fez desvanecer as pequenas margaridas..."

    poderoso e inquietante

    Bjo.

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    1. Obrigada Filipe, os vermes vivem a inquietar-me a alma...

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  6. Um texto muito profundo, muito arrepiante!!!
    Bj.
    Irene Alves

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  7. Venho desejar-lhe um Feliz e Santo Natal.
    Minha página do Facebook é Marques Irene.
    Bj.
    Irene Alves

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  8. Querida amiga.

    Meu desejo para os que habitam
    o meu coração,
    é um mergulho no tempo,
    onde cada dia,
    é um dia de ano novo,
    e cada sonho,
    uma senha a ser descoberta,
    nesta caminhada rumo a alegria.

    Muito obrigado por sua amizade.
    Que sejamos e façamos felizes a cada dia.

    ALUÍSIO CAVALCANTE JR.

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  9. Oi Janaína! Há tempo que não a visito (início do ano letivo - drama!).
    Espero que tudo esteja bem com vocês!
    O niilismo se mesclando com o existencialismo desse poema é de uma profundidade desértica e plena. Perdi o fôlego!
    Um abraço e tenha bons dias!

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    1. A faculdade anda me pondo louca Augusto, mas aprendi a driblar o tempo... rs

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  10. Olá, querida Janaína
    Deus quis dar ao homem primazia na criação... lindo isso!!!
    Bjm fraterno

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