segunda-feira, 27 de dezembro de 2010




Iluminação

Talvez eu goste dos meus defeitos

Eu sei que sou assim

Convivo bem com meus efeitos

Há momentos madeira e eu cupim


Tem horas que gritar não é suficiente

Chorar não é inteligente

Tem horas que não basta ser gente

Temos que ser coerentes, rentes, atraentes decentes….


Tentar ser o que todo mundo é

Não é meio idiota?

Por a ponta do pé

Onde todo mundo bota?


Acho que quero mais iluminação

Quero ser eu mesma

Sem ter que dar satisfação

Sem ser uma lesma


Sem discriminação!


Alguns enlouquecem

Outros são sarcásticos

Alguns esquecem-se

Outros lunáticos


E eu quero o gosto que a vida tem

Quero coisas que sejam do bem

Quero errar e acertar, sem dever nada a ninguém…


Janaina Cruz


(Que o ano que está chegando aí, nos traga alegrias, respostas , harmonia e muita paz)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Feliz natal?


Como desejar feliz natal
Pra aquele menino de flanco magro
Que põem a mão em concha na tentativa frustrada
De segurar o lusco-fusco das luzesinhas coloridas?
A falta de cores está plantada de forma inescrutável na palma de sua mão.
O que não daria por um pedaço de pão?
Alguma migalha que reacendesse seu sorriso belicoso...
Mas o sorriso esmaeceu, sua paz está ausente,
Sons natalinos tocando ao longe, e muitos silêncios borboleteando a sua volta.
Imagina segurar nas mãos uma tigela invisível, cheia de tudo o que ele acha gostoso.
Finca seus dedinhos pequenos, levando a comida invisível a boca,
Lambuza-se de coisa nenhuma, sujando seu rosto e suas mãos.
A vida é mesmo um faz de conta, imagina ele.
Enquanto ronca o estômago, reclamando a fome não saciada,
Em seu ouvido, as vozes de alguém que ele já esquecera o nome.
Deita-se na calçada e adormece alvejado pelas sombras lunares.

Janaina Cruz

(Que algum dia possa não mais existir natais como esses, e que todos os dias sejam como é o natal, que presentes possam ser dados sem a desculpa de datas, que abraços sejam dados sem que seja para impressionar ninguém, e que todas as famílias encontre sempre bons motivos para desfrutarem juntas de qualquer momento)

(Criadora e criatura)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Fadas

Desde datas ancestrais elas sempre vieram aqui

Mergulhadas nos matagais

E nas ramas dos jasmins.

Desde crianças convidava as

Para chafurdar

Para brincarmos por entre as árvores e no impossível mergulhar,

Nas janelinhas dos meus olhos

Muitos sonhos vislumbrar

Mas chega um tempo em que crescemos

Em que as esquecemos

Usamos trincos e trancas

Deixamos do lado seus brilhos e esperanças...

Lá fora

Em nobres folhagens

Brincam as fadas

Tão engraçadas,

Tão atrapalhadas,

Estão tentando se fazer notar.


Janaina Cruz


Poeminha meu no fio de Ariadne claque aqui!, obrigada Vanessa!!


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010



Crime

Tudo fica estranho e frio quando emudeces
No silêncio acomodam-se teus encantos
Que já não são tantos
E cada vez que isso acontece
Tu cometes um crime
Permaneço encurralada
Tu miras
Só se ouve as rajadas
A poesia veste-se de luto!

Janaina Cruz




E


Poema(Despedida) recitado pela equipe dom em vozes.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

(Eu e meus filhos)

Filhos

Os abracei como se fossem meus

Os compreendi como se faz consigo mesmo

Em todos os lugares os reconheci como sendo meu maior tesouro

Por eles fiz manhãs nascerem lindas

E calei mil tempestades

Cortejei a coragem e a humildade para que também assim fizessem

Fiz a realidade tão gostosa quanto a ficção

Então eles cresceram

Já alcançaram uma altura maior que a minha

E meus braços parecem ter espinhos

Pois nunca se demoram nos abraços

Talvez tenha acontecido mesmo isso

Talvez tenha perdido as minhas pétalas e deixado apenas espinhos crescerem

Pois os percebo singelos em outros abraços

O meu jeito de ver a vida já se subordina ao deles

As manhã agora são de solidões

Calmas solidões e tempestuosos entardeseres

Onde foi parar a minha coragem?

Esvaiu-se como um rio que morre longínquo e desnorteado

Todos precisamos de compreensão

A a vista um ciclo vicioso

Tão real, que somos até capazes de tocá-lo


Janaina Cruz


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