[ O passado] Só lembro da boca aberta, de onde nasciam as moscas varejeiras, num sorriso de mero embuste, as flores ensanguentadas que todos respiravam a distâncias, o lado de dentro doía, as lágrimas eram sépiais, veio o vento, nele um sopro de catarse em fim.
Os aquários vazios das salas azuis, bailarinas em subterfúgios, nas molduras dos retratos moravam cupins que comiam migalhas de vida.
Procurei a música de um vinil, gosto de ouvi-lo quando há ameaça de chuva, sento-me a janela, vislumbro o céu com cores indecifráveis. Avisto nas calçadas os carvalhos antigos, acompanhados pelas cobiças dos percevejos, os únicos que não os abandonaram.
Sou a vórtice voyer, experimentando sabores alheios, os absurdos e as aflições, sempre em silêncio, na distância de asas.
Escondo-me dos espelhos, desde que sumiram as minhas rugas, cada uma que desaparecia criava um novo rasgo na alma, rasgo por onde penetravam as estrelas e, faziam meu relógio funcionar em sentido anti horário, a cada dia rejuvenesço mais.
Jana Cruz
Um rejuvenescer que se deseja tanto... e sempre!
ResponderExcluirTão diferente dos demais mas de intensa beleza não deixa de ser, seus poemas são presentes que também experimento e saboreio...
ResponderExcluirBeijinhos!
meu & amor é a redenção de um passado que não merece até ser lembrado foi essa a minha interpretação desse belo poema . te amo muitooooo!!!
ResponderExcluirExistem passados dos quais nem deveríamos lembrar, cabe apenas viver um presente maravilhoso.
ResponderExcluirAdoro sua poesia Jana.
Abraços
Jacobsen
Tirei todos os espelhos da casa.
ResponderExcluirNão me olho em espelhos já tem uns 6 meses, ainda falta seis meses para repor os espelhos ou olhar-me no espelho.
Que ver as diferenças.
Beijos!