sexta-feira, 29 de julho de 2011

Um anjo vândalo

(Quando não uma peste, sou um anjo...)


Diáfano dia
Uma falta óbvia de sol
Cinza, cinza, cinza
O dia nasceu cinza
E entrou em meus olhos como flecha
Tão lentamente que nem senti
Talvez desequilibre meu voou
Minhas asas vândalas
Chegam a precipitar-se.
Os teus mapas não passam de alfarrábios
Litografados por lágrimas minhas…
No canto da sala há uma sombra azulada
Cheia de enigmas
Mortas mariposas fundidas a lâmpadas fluorescentes
O juizo desencaminha-me
O cheiro, os pés a solidão
O vento que move as cortinas
As trilhas do meu coração

Janaina Cruz


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meu pequeno grande admirador


Fim de tarde aprazível
Café, canção e conversa
A luz, a textura da tarde
Um sol que não arde
Diminuido e, a noite descendo claustrofóbica
A distração o senso estético
Coisas distintas, respiração.

Mas de repente tudo mudou…
Como se abrissem cortinas sonolentas
De um grande teatro de sensações.

Bem ali na minha frente
A encarar-me fixamente
Um garotinho, nem um pouco assustado
Olhando-me encantado, sem medo
Sem programação.

Isso é que torna tudo mais lindo!
A falta de ensaio e experiência
Ele me olhando bonito
Eu derretida em sorrisos
Balançando-lhe ternamente a cabeça.

Agora todos os dias é assim,
Ele chega e fica no mesmo lugar
Quando olho ele já está ame olhar
É engraçado pensar
Que ele deve achar
Que sou a moça dos contos de amor...

Janaina Cruz

terça-feira, 19 de julho de 2011

Conto ( Um quase amor )

(Imagem recolhida na net)

Seu nome era Carmélia, tinha incontáveis admiradores, precoce, inteligente, gostava de música e de política, só sobre religião preferia não falar.
Quando viu Carmélia o jovem Caio tremeu, temeu não possuir maturidade suficiente para chamar atenção daquela moça e, de súbito imaginou-a em seus braços, falante, sedutora com aquele baton carmesim.
Tontamente irresponsável seguiu em sua direção, recitando : “ Noites loucas- Noites loucas! / Estivesse eu contigo / Noites loucas seriam / Nosso luxuoso abrigo…” da Dickinson, instigada a moça olhou-o incandescente .
Ele rompeu os seus limites.
Enviesaram-se por noites e noites para desespero e excitação de seus vizinhos, gostava de tudo a menina, nada era assustador ou doloroso.
O roteiro de suas vidas seguia seguia lépido, lívido e ele a queria para sempre, de aliança e papel passado, vendeu sua casinha que recebera de herança , vendeu o carro velho, compraria um romântico sobradinho, cheio de flores e de janelas... Ela pulou em seu pescoço, cobriu-o de beijos sem fim, gritou aos quatro cantos, sem vergonha, sem tremores e medos: “ Aceito! Aceito! Aceito!
Mas a lingua do tempo que o nosso pensamento não alcança, escurecia as cores das alianças, escurecia o desejo e as ardências, onde estaria a louca e adorável Carmélia, com seu gemidos, gozos típicos? Só restou fotografias e lembranças, e algo tépido na balança e nenhuma esperança.
Calou-se a música do sucesso que incomodava ou excitava alguns vizinhos, o carmesim perdeu a cor, desbotou, o sonho acordou, Caio agora é só dor, e Carmélia afoga-se na vodka, o sombrio sobradinho agora é só solidão, a solidão acompanhada que um dia foi uma linda história de paixão.
Nenhum dos dois sabe dizer adeus, não conseguem mais amar, mas deixarem-se também não sabem.

Janaina Cruz

( Gente a Tereza é um gênio, ela transforma nossas poesias em fragmentos vivos, quer algo mais belo que isso? Assistam ao vídeo com uma de minhas poesias, eu achei super perfeito e recomendo! )


sexta-feira, 15 de julho de 2011


(Eu em janelas, na janela do olhar)

A janela da frente

Da janela da frente,

Vejo o amor esconder-se

Nos bueiros da rua

Lá onde não bate o sol

Nos submundos


Mentiras modestas

Sobrevoam como moscas .

O encanto está ausente…

Presente se faz a confusão

A solidão, a podridão…


O que está acontecendo?

Será se a culpa é minha?

Será se a culpa é tua?

Será se a culpa é nossa?

Ou de quem será a culpa?


Meus olhos marejados

Já não conseguem enxergar

Nenhuma cor

Olhares adúlteros nos roubaram

O desejo de nos ver dois como um

E um como dois


Depois de ti

Aprendi a não gostar de cores…

Preto, branco, chumbo, cinza

São as cores que ficam na

Despedida.


Janaina Cruz


( Montagem feita com imagens encontradas da net)

A poesia que postarei hoje é do meu filho Nícolas, ele tem 14 anos, mas uma maturidade invejável, vislumbra o mundo com olhos de quem sabe traduzir o intraduzível! E não é rasgarão de seda de mãe não hein? Rs




O amante do anjo, a flor do demônio está morta

Você retornará,

Porque eu queimei o seu sexo.

Oh, como eu te amo,

Você pode sentir a minha alma devorando a sua?

Eu matei o meu coral de fênix pra te ouvir morrer,

Como o cavalo queimando na chuva.

Oh, afine sua vontade de sentir...

Você levantará,

Porque nós nunca estaremos mortos, de fato, meu anjo.

Você ama como eu sinto a dor?

Você se machuca,

Quando o prazer de seus olhos escondidos é achado...

Eu te machuco, porque...

Você ama?

E, eu te corto com o meu corpo,

O qual você delira por ver,

O qual você não tem coragem de ser...

Então, seja comigo...

Faça, amor, derrube-me,

Mova-me pelo prazer da especialidade e do silêncio sutil do grito...

Então mova-nos pelo prazer da especialidade e do silêncio sutil do grito.

Roubados pela vontade de uma só doença,

Você acordará...

Não haverá mais cortes sem fogo.

Oh, eu te amo.

O que você quer fazer comigo?

Eu te amo?

Eu acredito na escravidão eterna,

Você acredita no Deus...

O contrário é o contrário, é...

Então, vamos nos construir quando ele sair pro suicido dos figurantes...

Oh, e eu te amo.

Você se imortaliza,

Roubando meus olhos.

Você morre e,

Sua respiração é lentamente fumada,

E eu, como se eu...

Tivesse o direito de dizer, :”Eu te amo!”


(Nícolas Anderson S. Tavares\11\07\11\Segunda\Madrugada)


quinta-feira, 14 de julho de 2011

És sonho

Moreno cheiroso

De olhar dengoso

Sorriso de mar

Como é possível não te amar?


Se me instigas

Me alimenta

Me fazes sonha…


E basta que me olhes daquele jeito

Pra meu corpo arrepiar


Não me faça promessas

Não quero pressas

Deixe-me te devorar


E tua boca beijar, beijar, beijar...

Depois vemos no que dá.


Janaina Cruz




(Gente, esse é o Depp, o Johnny Depp, apenas, eu continua bem casada, eu acho... rs)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

( Eu, brincado de ser artista, entre a lente e o poema )

O corpo do poema

Parece ensanguentado

Mordido a superfície.

São os dentes de leite que não o deixam em paz

Havia contração nas palavras e um ímpeto sísmico

A cortar-lhes as densidades.

E o amor murmurava volátil e felino

quase Ileso e cerrado…

Entrando na alma como uma canção.

A canção do poema lido, comido

Carmomendo a maleável solidão

É nesse instante que pegamos a pena

Tentamos inventar novas palavras

Observamos as mordidelas

E já nem sabemos o que mais queima

Se somos nós, ou se é a poesia.


Janaina Cruz


Este poema foi inspirado numa poesia de Jorge Pimenta

sexta-feira, 8 de julho de 2011

( Eu e o macaco )

Aí dos que são sábios aos próprios olhos! ( Isaías 5:21)

Pensadores

Antes eu achava que sabia tudo, que o mundo era facilmente decifrável.
Me enganei...
Depois julguei que sabia muita coisa e, o que não soubesse aprenderia.
Me magoei...
Hoje sei que quase nada sei há sempre outras vertentes para novas explicações.
Me aquietei...

Janaina Cruz

segunda-feira, 4 de julho de 2011


( Minha amiga Abgail)

Abgail

É como uma rosa branca

A vida voa ao seu redor inebriada

Qualquer tristeza espanta

Vejo as horas sorrirem-lhe encantadas

Se existir alguma nuvem por certo, essa lhe é passageira

Curvam-se galhos desajeitados na ténue chuva de seiva

Sinto-a maior a cada dia

Acho tão bela sua gentileza

Gosto de sua companhia

Admiro suas verdades e certezas

Muitos deveriam ser como Abagil

Ter seu jeito doce

De menina

Que só entende quem a viu

Quanto essa moça fascina!

Trouxe-me amizade

Trouxe-me sorrisos e sementes

Com ela aprendo a bondade

E as coisas da vida que valem à pena

Janaina Cruz

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